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Isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil: um alívio urgente para o trabalhador 

Por Izelda Oro, presidente do SITICOM-Chapecó

Quando se fala em Imposto de Renda, muitos imaginam uma discussão distante, cheia de termos técnicos e voltada apenas para quem ganha muito. Mas, para quem vive do próprio salário, essa discussão é bastante concreta. Está na folha de pagamento de cada mês. Está no que deixa de ir para a mesa, para o supermercado, para a conta de luz ou o material escolar das crianças. 

É por isso que a proposta do governo federal de isentar do Imposto de Renda os salários de até R$ 5 mil mensais é uma medida necessária. Ela representa um avanço importante para milhões de brasileiros que hoje carregam um peso tributário desproporcional no orçamento. 

Segundo dados da Receita Federal, mais de 15 milhões de brasileiros estão nessa faixa salarial. Gente que não tem margem para investir, aplicar ou poupar. Cada centavo do salário é destinado às despesas básicas: aluguel, mercado, luz, transporte, educação dos filhos, saúde. Vivem do suor diário, enfrentam jornadas longas, muitas vezes em condições difíceis, e ainda assim têm parte do salário retida todos os meses. O fato é que essa retenção tornou-se insustentável e até injusta. 

No setor da construção civil e da indústria moveleira, que o SITICOM representa, o impacto dessa proposta é profundo. Um pedreiro que ganha R$ 4.000 por mês paga hoje cerca de R$ 180 de Imposto de Renda. Ao final de 12 meses, são mais de R$ 2 mil que saem do bolso. Um mestre de obras que recebe R$ 5 mil por mês vê quase R$ 400 serem descontados. Isso significa que, ao longo do ano, ele trabalha o equivalente a mais de um mês só para pagar esse imposto. Um marceneiro com salário de R$ 4.500 perde, mês a mês, cerca de R$ 300. E até um ajudante de obras, com vencimento de R$ 3.000, sente no fim do mês a diferença do que poderia ajudar em casa. 

Esses trabalhadores mostram uma realidade e é a partir dela que o país precisa construir suas políticas públicas. É pesado demais para quem sustenta a produção e move os setores essenciais da economia arcar com um sistema que limita sua sobrevivência. 

A proposta de ampliar a faixa de isenção está no Congresso Nacional. É viável, é possível e, sobretudo, é necessária. Se aprovada ainda este ano, passa a valer a partir de 2026. O momento, portanto, é de decisão política. E é por isso que o SITICOM faz um apelo público, direto e respeitoso aos parlamentares catarinenses: olhem para essa pauta com a atenção que ela exige. Escutem os trabalhadores que representam. Entendam o que R$ 200, R$ 300 ou R$ 400 a mais no fim do mês podem significar para quem está sempre no limite. 

Esse valor extra vai circular no mercado local, fortalecer o comércio, aliviar dívidas, permitir escolhas básicas que hoje são negadas. Vai dar um pouco mais de tranquilidade para quem não tem folga. 

Entendemos que essa é a hora de nos posicionarmos. O SITICOM tem a responsabilidade de representar a categoria não só nas convenções coletivas, mas também nas grandes pautas nacionais que impactam a renda e a vida da classe trabalhadora. E essa, sem dúvida, é uma das mais importantes dos últimos anos. 

É por isso que levantamos essa bandeira com firmeza. E faremos isso até que o trabalhador possa, enfim, olhar para o seu contracheque e ver ali, sem cortes, o reconhecimento do seu esforço.